O melanoma é uma neoplasia originada de melanócitos, células da pele que produzem melanina. Essas células surgem a partir da crista neural e invadem a epiderme entre a 12ª e 14ª semanas de desenvolvimento embrionário.
Esquema mostra a disposição do melanócito entre as células da camada basal da pele
(Junqueira LCU, Carneiro J. Histologia básica. 10 ed. Guanabara Koogan, 2004).
Segundo o Instituto Nacional do Câncer, o melanoma representa apenas cerca de 4% dos cânceres de pele. Entretanto, é o mais agressivo e de maior letalidade. Para 2008, estavam previstos 2.950 casos novos em homens e 2.970 casos novos em mulheres.
Os principais fatores predisponentes são a exposição ao sol e os genes herdados (discutidos adiante). Os melanomas mais comumente surgem em áreas expostas ao sol, e os indivíduos de pele clara são mais susceptíveis que os de pele escura. Queimaduras pelo sol, história familiar de melanoma, nevo congênito, xeroderma pigmentoso e nevo displásico (este já possui atipias celulares e arquiteturais) são fatores de risco importantes para desenvolvimento de melanoma.
Macroscopia
O ABCDE do melanoma nos ajuda a perceber as características macroscópicas que diferenciam o melanoma do nevo melanocítico.
A – o melanoma é Assimétrico.
B – as Bordas são irregulares e geralmente chanfradas; não são lisas ou arredondadas como nos nevos melanocíticos.
C – a Cor não é uniforme (mostra-se em tons de preto, marrom, vermelho, azul escuro e cinza).
D – Diâmetro maior que 6 mm (a maioria é diagnosticada quando já possui 10 mm).
E – Evolução: mudanças na cor, forma, diâmetro, tamanho, superfície ou sintomas (principalmente dor e/ou prurido) de um nevo pré-existente.
Características do nevo melanocítico (esquerda), do melanoma (direita) e ABCD
(http://www.health-res.com/EX/08-04-03/Malignant_Melanoma.jpg)
Melanoma
(Lawley TJ, Yancey KB. Approach to the patient with a skin disorder. In: Kasper DL et al. Harrison's Principles of Internal Medicine, 16th ed.)
Melanoma
(http://andre.sasse.com/melanoma.htm)
Microscopia
As células do melanoma são consideravelmente maiores que os melanócitos normais ou que as células dos nevos melanocíticos. O núcleo é grande e de contorno irregular; a cromatina está aglomerada na periferia da membrana nuclear, e os nucléolos são eosinofílicos.
Melanoma. A, Lesão irregular do melanoma. B, Lesão ainda na fase de crescimento radial, com grupos de células entre epiderme e derme, e reação inflamatória da derme. C, Lesão na fase vertical, com agregados nodulares de células infiltrantes. D, Grande aumento, visualização de células do melanoma. A figura do canto mostra células de melanoma, em um linfonodo sentinela, coradas pelo HMB-45
(Lazar AJF, Murphy GF. The Skin. In: KUMAR V. et al. Robbins and Cotran Pathologic Basis of Disease, 8th ed)
Importante para a compreensão da progressão do melanoma é a distinção entre os crescimentos radial e vertical. O crescimento radial do melanoma ocorre entre a epiderme e a derme superficial. Nesta fase, parece não haver potencial maligno. O lentigo maligno, que geralmente aparece como manchas indolentes em face de idosos, é um exemplo de lesão que permanece por décadas na fase de crescimento radial antes de metastizar.
Lentigo Maligno
(http://www.vienngoaikhoalaser.com/contents/products/lentigo_maligna__Mike_wydham___single_use_only.jpg)
Após um período imprevisível de tempo, o melanoma evolui para a fase de crescimento vertical. Nesta fase, o tumor cresce em direção à superfície da pele (geralmente ulcerando-a) e em direção à derme, atingindo camadas profundas e infiltrando vasos sanguíneos e linfáticos. Esta fase é anunciada pelo aparecimento de um nódulo e correlaciona-se com o desenvolvimento de células com potencial metastático. A profundidade de Breslow, distância entre a camada granular da epiderme e as células tumorais intradérmicas mais profundas, é um índice utilizado para estimar a probabilidade de metástases: quanto maior a profundidade, maior a possibilidade de haver metástases.
Profundidade de Breslow
(http://namesadecirurgia.blogspot.com/)
Imunoistoquímica
Os principais antígenos para os quais se realiza a imunoistoquímica são o HMB-45 e o S100.
Imunoistoquímica para HMB-45 utilizando diaminobenzidina (DAB) cromógeno. Nevo melanocítico com (A) e sem (B) contra-coloração pela hematoxilina. Melanoma com (C) e sem (D) contra-coloração pela hematoxilina. Notar a intensa reação citoplasmática no melanoma
(http://www.medscape.com/viewarticle/584387_3)
Imunoistoquímica em melanoma para S100
(http://www.nordiqc.org/Run-20-B3/Assessment/assessment-S100.htm)
Prognóstico
Se o melanoma for detectado e cirurgicamente removido em fase precoce, o prognóstico é bom. Nos países desenvolvidos, a sobrevida em cinco anos é de 73%; nos países em desenvolvimento, a sobrevida média é de 56%. A média mundial estimada é de 69%.
Determinantes de um prognóstico favorável são: profundidade do tumor menor que 1.7 mm (Breslow), pouca ou nenhuma mitose, localização na extremidade do corpo. A análise de linfonodos regionais também fornece informações a respeito do prognóstico. Invasão de linfonodos, mesmo que por um pequeno número de células (micrometástases), indica mal prognóstico.
Referências
1. Junqueira LCU, Carneiro J. Histologia básica. 10 ed. Guanabara Koogan, 2004
2. http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=335
3. Lazar AJF, Murphy GF. The Skin. In: KUMAR V. et al. Robbins and Cotran Pathologic Basis of Disease, 8th ed.
4. http://www.health-res.com/EX/08-04-03/Malignant_Melanoma.jpg
5. Lawley TJ, Yancey KB. Approach to the patient with a skin disorder. In: Kasper DL et al. Harrison's Principles of Internal Medicine, 16th ed.
6. http://andre.sasse.com/melanoma.htm
7. http://www.vienngoaikhoalaser.com/contents/products/lentigo_maligna__Mike_wydham___single_use_only.jpg
8. http://namesadecirurgia.blogspot.com/
9. http://www.medscape.com/viewarticle/584387_3
10. http://www.nordiqc.org/Run-20-B3/Assessment/assessment-S100.htm
Páginas
▼
21 de fevereiro de 2010
11 de fevereiro de 2010
DEPOSIÇÕES INTRACELULARES
INTRODUÇÃO
Alterações no metabolismo celular podem levar à deposições de quantidades anormais de substâncias nas células. Essas substâncias se dividem em três categorias básicas: componente celular normal (água, lipídios, proteínas e carboidratos), substância anormal (exógena - ex. minerais - ou endógena - ex. amilóide) e pigmento (ex. melanina). Os principais mecanismos que levam à deposição intracelular são: produção normal ou aumentada de substância endógena associada a uma velocidade inadequada de seu metabolismo para removê-la; acúmulo de substância endógena normal ou anormal devido a defeitos genéticos ou adquiridos do metabolismo, armazenamento, transporte ou secreção da substância; e deposição e acúmulo de substância exógena anormal.
LIPÍDIOS
Esteatose: Também chamada de degeneração gordurosa, consiste na deposição anormal principalmente de triglicerídeos em células parenquimatosas. Ocorre com mais frequência nos hepatócitos uma vez que essas células são responsáveis pelo metabolismo de lipídios (defeitos de natureza variada desde a entrada de ácidos graxos à saída de lipoproteínas levam à essa deposição). É também vista no coração, músculos e rins. Causas comuns de esteatose são: toxinas (ex. álcool), desnutrição protéica, diabetes melitus, obesidade e anóxia.
Ao microscópio são observados vacúolos no citoplasma que podem ser múltiplos e pequenos (microgotas) progredindo até a coalescência (macrogotas), quando o núcleo celular é empurrado para a periferia. Ocasionalmente, células contíguas podem se romper e seus glóbulos de gordura coalescem formando cistos gordurosos.
Colesterol e Ésteres de Colesterol: Os depósitos dessas substâncias aparecem por vários mecanismos em diferentes procesos patológicos, tais quais: aterosclerose, xantomas, inflamação e necrose, colesterolose e Doença de Niemann-Pick, tipo C.
Na aterosclerose, macrófagos e células musculares lisas na camada íntima de grandes vasos apresentam vacúolos contendo principalmente colesterol e ésteres de colesterol, conferindo uma aparência espumosa a essas células (células espumosas).
O xantoma é outra manifestação do acúmulo dessas substâncias em macrófagos. Ocorrem geralmente no tecido conjutivo subepitelial da pele e nos tendões e são provocados por hiperlipidemia.
Em processos inflamatórios e necróticos podem ser encontrados macrófagos espumosos em razão da fagocitose do colesterol das membranas celulares. Em grandes quantidades, tais macrófagos dão uma coloração amarelada à inflamação.
Na colesterolose, encontramos macrófagos com grande acúmulo de colesterol na lâmina própria da vesícula biliar.
Na Doença de Niemann-Pick tipo C, o gene NPC-1 é afetado. Uma proteína envolvida no tráfego do colesterol é então afetada, provocando o acúmulo deste em vários órgãos.
Fosfolipídios: Acúmulos desses lipídios podem ser encontrados em células necróticas na forma de figuras de mielina.
PROTEÍNAS
Gotículas de reabsorção nos túbulos renais proximais: Surgem em afecções que envolvem proteinúria. As proteínas não filtradas pelos glomérulos são reabsorvidas no túbulo proximal em vesículas que, após se fundirem a lisossomos formam fagolisossomos.
Aumento da síntese de proteínas de plasmócitos: Há um grande aumento na produção de imunoglobulinas. são chamados de corpúsculos de Russell (inclusões eosinofílicas arredondadas).
Transporte intracelular e secreção de proteínas críticas defeituosos: Mutações na alfa1-antitripsina resultam numa dobra defeituosa da proteína, provocando o acúmulo de intermediários no retículo endoplasmático do fígado. A ausência de alfa1-antitripsina causa enfisema.
Na fibrose cística, uma mutação na proteína do canal de cloro atrasa a dissociação de uma chaperone (proteína de estabilização e correção de intermediários protéicos), levando a um dobramento anormal e perda de função.
Na hipercolesterolemia familiar, mutações no receptor da lipoproteína de baixa densidade (LDL) interferem no seu desdobramento, acumulando-se.
Acúmulo de proteínas anormais: Doenças de acúmulo de proteínas ou proteinopatias são representadas por algumas formas de amiloidose. Surgem a partir de proteínas anormais ou dobradas incorretamente. Os depósitos podem ser intra ou extracelulares.
*Alteração Hialina: Refere-se a uma formação vítrea, homogênea e rósea intra ou extracelulares em cortes histológicos corados pela hematoxilina e eosina. Gotículas de reabsorção, corpúsculos de Russell e alteração hialina de Mallory do alcoolismo são exemplos de depósitos intracelulares de hialina.
GLICOGÊNIO
Anormalidades no metabolismo da glicose ou glicogênio levam a um aumento no depósito intracelular de glicogênio, o qual se mostra como vacúolos claros no citoplasma. Afecções que levam ao acúmulo de glicogênio são principalmente o diabetes melitus e as doenças de armazenamento de glicogênio ou glicogenoses.
Para evidenciar o glicogênio no tecido é necessário usar fixadores não aquosos e a coloração de carmin de Best ou a reação do ácido periódico de Schiff (PAS) (cora de rosa-violeta).
PIGMENTOS
Pigmentos Exógenos: O mais comum é o carbono, capturado pelos macrófagos alveolares e transportados para linfonodos regionais. O acúmulo de carbono nesses tecidos é chamado de antracose.
Pigmentos utilizados na tatuagem são fagocitados por macrófagos na derme e neles permanecem.
Pigmentos Endógenos: A lipofuscina (lipocromo, pigmento de desgaste ou da senecência) é composta por polímeros de lipídios, fosfolipídios e proteínas. Tem cor marrom-amarelada, é finamente granular e geralmente perinuclear. Indica lesão por radicais livres e peroxidação lipídica. É comum no fígado e coração de idosos, em pacientes gravemente desnutridos ou com caquexia neoplásica.
A melanina é um pigmento marrom-escuro derivado da oxidação da tirosina pela tirosinase nos melanócitos.
A hemossiderina é um pigmento que varia do amarelo-ouro ao marrom. Deriva da hemoglobina. É composta por um agregado de micelas de ferritina. Quando há uma sobrecarga sistêmica de ferro, temos uma condição chamada hemossiderose. Suas principais causas são: aumento da absorção de ferro na dieta; diminuição na utilização do ferro; nas anemias hemolíticas; e em transfusões sanguíneas. O acúmulo extremo de ferro nos tecidos está associado à hemocromatose, condição que lesa principalmente fígado, coração e pâncreas.
A bilirrubina também é derivada da hemoglobina, porém não tem ferro. É o principal pigmento da bile. Quando em excesso nas células e tecidos provoca a icterícia.
Outro pigmento endógeno é o ácido homogentísico, de cor preta que aparece em pacientes com alcaptonúria. É depositado na pele, tecido conjuntivo e cartilagem, caracterizando a ocronose.
REFERÊNCIAS
1. Robbins & Cotran; Patologia: Bases Patológicas das Doenças; 7ª Edição, 2005
2. http://www.pathology.com.br/degeneracoes/Esteatose_53_mod.jpg
3. http://www.kuma.us/images/etc/img/liver5.jpg
4. http://library.med.utah.edu/WebPath/jpeg5/CV010.jpg
5. http://www.scielo.br/img/revistas/abd/v83n5/a12fig01.jpg
6. http://www.med.ufro.cl/Recursos/Patologia/CursoPatologiaGeneral/Patologia2001/Cd/M63a1.jpg
7. http://anatpat.unicamp.br/Dscn26692++.jpg
8. http://www.hepcentro.com.br/images/A1AT-2.jpg
9. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-72992004000300022&script=sci_arttext
10. http://anatpat.unicamp.br/DSCN3516+.JPG
11. http://anatpat.unicamp.br/DSCN4580+.JPG
12. http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/images/pig4.jpg
13. http://www.zhippo.com/HartfordCountyHOSTED/images/gallery/Dragon_Full_Back_Tattoo-m.jpg
14. http://www.fmv.utl.pt/atlas/ap_urina/fig_049.jpg
15. http://library.med.utah.edu/WebPath/jpeg4/LIVER018.jpg
16. http://anatpat.unicamp.br/Dscn3296++.jpg
17. http://www.scielo.br/img/revistas/rbr/v46n5/a14fig02.jpg
Alterações no metabolismo celular podem levar à deposições de quantidades anormais de substâncias nas células. Essas substâncias se dividem em três categorias básicas: componente celular normal (água, lipídios, proteínas e carboidratos), substância anormal (exógena - ex. minerais - ou endógena - ex. amilóide) e pigmento (ex. melanina). Os principais mecanismos que levam à deposição intracelular são: produção normal ou aumentada de substância endógena associada a uma velocidade inadequada de seu metabolismo para removê-la; acúmulo de substância endógena normal ou anormal devido a defeitos genéticos ou adquiridos do metabolismo, armazenamento, transporte ou secreção da substância; e deposição e acúmulo de substância exógena anormal.
LIPÍDIOS
Esteatose: Também chamada de degeneração gordurosa, consiste na deposição anormal principalmente de triglicerídeos em células parenquimatosas. Ocorre com mais frequência nos hepatócitos uma vez que essas células são responsáveis pelo metabolismo de lipídios (defeitos de natureza variada desde a entrada de ácidos graxos à saída de lipoproteínas levam à essa deposição). É também vista no coração, músculos e rins. Causas comuns de esteatose são: toxinas (ex. álcool), desnutrição protéica, diabetes melitus, obesidade e anóxia.
Esteatose hepática. O fígado pode aumentar de tamanho, pesando de 3 a 6 kg, e tornar-se amarelado, mole e gorduroso. Em casos leves pode não se alterar macroscopicamente. Referência: http://www.pathology.com.br/degeneracoes/Esteatose_53_mod.jpg
Ao microscópio são observados vacúolos no citoplasma que podem ser múltiplos e pequenos (microgotas) progredindo até a coalescência (macrogotas), quando o núcleo celular é empurrado para a periferia. Ocasionalmente, células contíguas podem se romper e seus glóbulos de gordura coalescem formando cistos gordurosos.
Colesterol e Ésteres de Colesterol: Os depósitos dessas substâncias aparecem por vários mecanismos em diferentes procesos patológicos, tais quais: aterosclerose, xantomas, inflamação e necrose, colesterolose e Doença de Niemann-Pick, tipo C.
Na aterosclerose, macrófagos e células musculares lisas na camada íntima de grandes vasos apresentam vacúolos contendo principalmente colesterol e ésteres de colesterol, conferindo uma aparência espumosa a essas células (células espumosas).
Acúmulo de colesterol e ésteres de colesterol em células espumosas e fenda única formada por ésteres de colesterol extracelulares cristalizados. O estímulo de citocinas inflamatórias a partir da lesão endotelial e outros fatores como a hiperlipidemia e a oxidação de lipoproteínas levam à absorção dessas substâncias por essas células. Referência: http://library.med.utah.edu/WebPath/jpeg5/CV010.jpg
O xantoma é outra manifestação do acúmulo dessas substâncias em macrófagos. Ocorrem geralmente no tecido conjutivo subepitelial da pele e nos tendões e são provocados por hiperlipidemia.
Em processos inflamatórios e necróticos podem ser encontrados macrófagos espumosos em razão da fagocitose do colesterol das membranas celulares. Em grandes quantidades, tais macrófagos dão uma coloração amarelada à inflamação.
Na colesterolose, encontramos macrófagos com grande acúmulo de colesterol na lâmina própria da vesícula biliar.
Colesterolose. Referência: http://www.med.ufro.cl/Recursos/Patologia/CursoPatologiaGeneral/Patologia2001/Cd/M63a1.jpg
Na Doença de Niemann-Pick tipo C, o gene NPC-1 é afetado. Uma proteína envolvida no tráfego do colesterol é então afetada, provocando o acúmulo deste em vários órgãos.
Fosfolipídios: Acúmulos desses lipídios podem ser encontrados em células necróticas na forma de figuras de mielina.
PROTEÍNAS
Gotículas de reabsorção nos túbulos renais proximais: Surgem em afecções que envolvem proteinúria. As proteínas não filtradas pelos glomérulos são reabsorvidas no túbulo proximal em vesículas que, após se fundirem a lisossomos formam fagolisossomos.
Aumento da síntese de proteínas de plasmócitos: Há um grande aumento na produção de imunoglobulinas. são chamados de corpúsculos de Russell (inclusões eosinofílicas arredondadas).
Transporte intracelular e secreção de proteínas críticas defeituosos: Mutações na alfa1-antitripsina resultam numa dobra defeituosa da proteína, provocando o acúmulo de intermediários no retículo endoplasmático do fígado. A ausência de alfa1-antitripsina causa enfisema.
Glóbulos de alfa1-antitripsina na periferia de hepatócitos, em laranja pelo método da imunoperoxidase específica. Referência: http://www.hepcentro.com.br/images/A1AT-2.jpg
Na fibrose cística, uma mutação na proteína do canal de cloro atrasa a dissociação de uma chaperone (proteína de estabilização e correção de intermediários protéicos), levando a um dobramento anormal e perda de função.
Na hipercolesterolemia familiar, mutações no receptor da lipoproteína de baixa densidade (LDL) interferem no seu desdobramento, acumulando-se.
Acúmulo de proteínas anormais: Doenças de acúmulo de proteínas ou proteinopatias são representadas por algumas formas de amiloidose. Surgem a partir de proteínas anormais ou dobradas incorretamente. Os depósitos podem ser intra ou extracelulares.
*Alteração Hialina: Refere-se a uma formação vítrea, homogênea e rósea intra ou extracelulares em cortes histológicos corados pela hematoxilina e eosina. Gotículas de reabsorção, corpúsculos de Russell e alteração hialina de Mallory do alcoolismo são exemplos de depósitos intracelulares de hialina.
GLICOGÊNIO
Anormalidades no metabolismo da glicose ou glicogênio levam a um aumento no depósito intracelular de glicogênio, o qual se mostra como vacúolos claros no citoplasma. Afecções que levam ao acúmulo de glicogênio são principalmente o diabetes melitus e as doenças de armazenamento de glicogênio ou glicogenoses.
Glicogenose hepática tipo I ou Doença de von Gierke. Causada por uma alteração na glicose-6-fosfatase, enzima que degrada glicogênio. Referência: http://anatpat.unicamp.br/DSCN4580+.JPG
Para evidenciar o glicogênio no tecido é necessário usar fixadores não aquosos e a coloração de carmin de Best ou a reação do ácido periódico de Schiff (PAS) (cora de rosa-violeta).
PIGMENTOS
Pigmentos Exógenos: O mais comum é o carbono, capturado pelos macrófagos alveolares e transportados para linfonodos regionais. O acúmulo de carbono nesses tecidos é chamado de antracose.
Pigmentos utilizados na tatuagem são fagocitados por macrófagos na derme e neles permanecem.
Pigmentos Endógenos: A lipofuscina (lipocromo, pigmento de desgaste ou da senecência) é composta por polímeros de lipídios, fosfolipídios e proteínas. Tem cor marrom-amarelada, é finamente granular e geralmente perinuclear. Indica lesão por radicais livres e peroxidação lipídica. É comum no fígado e coração de idosos, em pacientes gravemente desnutridos ou com caquexia neoplásica.
A melanina é um pigmento marrom-escuro derivado da oxidação da tirosina pela tirosinase nos melanócitos.
A hemossiderina é um pigmento que varia do amarelo-ouro ao marrom. Deriva da hemoglobina. É composta por um agregado de micelas de ferritina. Quando há uma sobrecarga sistêmica de ferro, temos uma condição chamada hemossiderose. Suas principais causas são: aumento da absorção de ferro na dieta; diminuição na utilização do ferro; nas anemias hemolíticas; e em transfusões sanguíneas. O acúmulo extremo de ferro nos tecidos está associado à hemocromatose, condição que lesa principalmente fígado, coração e pâncreas.
Hemossiderina em rim, após episódio de hemoglobinúria. Referência: http://www.fmv.utl.pt/atlas/ap_urina/fig_049.jpg
Hemossiderina corada pela reação histoquímica do azul-da-prússia na hemossiderose, fígado. Referência: http://library.med.utah.edu/WebPath/jpeg4/LIVER018.jpg
A bilirrubina também é derivada da hemoglobina, porém não tem ferro. É o principal pigmento da bile. Quando em excesso nas células e tecidos provoca a icterícia.
Bilirrubina de cor pardacenta fagocitada por macrófagos em hepatite viral. Referência: http://anatpat.unicamp.br/Dscn3296++.jpg
Outro pigmento endógeno é o ácido homogentísico, de cor preta que aparece em pacientes com alcaptonúria. É depositado na pele, tecido conjuntivo e cartilagem, caracterizando a ocronose.
REFERÊNCIAS
1. Robbins & Cotran; Patologia: Bases Patológicas das Doenças; 7ª Edição, 2005
2. http://www.pathology.com.br/degeneracoes/Esteatose_53_mod.jpg
3. http://www.kuma.us/images/etc/img/liver5.jpg
4. http://library.med.utah.edu/WebPath/jpeg5/CV010.jpg
5. http://www.scielo.br/img/revistas/abd/v83n5/a12fig01.jpg
6. http://www.med.ufro.cl/Recursos/Patologia/CursoPatologiaGeneral/Patologia2001/Cd/M63a1.jpg
7. http://anatpat.unicamp.br/Dscn26692++.jpg
8. http://www.hepcentro.com.br/images/A1AT-2.jpg
9. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-72992004000300022&script=sci_arttext
10. http://anatpat.unicamp.br/DSCN3516+.JPG
11. http://anatpat.unicamp.br/DSCN4580+.JPG
12. http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/images/pig4.jpg
13. http://www.zhippo.com/HartfordCountyHOSTED/images/gallery/Dragon_Full_Back_Tattoo-m.jpg
14. http://www.fmv.utl.pt/atlas/ap_urina/fig_049.jpg
15. http://library.med.utah.edu/WebPath/jpeg4/LIVER018.jpg
16. http://anatpat.unicamp.br/Dscn3296++.jpg
17. http://www.scielo.br/img/revistas/rbr/v46n5/a14fig02.jpg
Rafael Machado Mendes
Acadêmico de Medicina da Universidade Federal do Ceará
Integrante da Liga de Patologia da UFC
Acadêmico de Medicina da Universidade Federal do Ceará
Integrante da Liga de Patologia da UFC