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21 de julho de 2010

TUMORES DO CANAL ANAL

INTRODUÇÃO
Os tumores do canal anal são neoplasias relativamente raras, mas com aumento da incidência em homens e mulheres nos últimos anos. São mais comuns no sexo feminino (4:1) e estão associados com a infecção pelo HPV em 85% dos casos. Tumores que não possuem relação com esse vírus são mais comuns em pacientes idosos.
As neoplasias da região anal podem se originar do canal anal ou da margem anal. Os sintomas mais comuns são sangramento, dor, sensação de massa, prurido, ou então os pacientes são assintomáticos em até 25% dos casos.
Fatores de risco incluem: comportamento sexual de risco, doenças sexualmente transmissíveis, câncer de colo uterino, doença de Crohn, tabagismo pesado e imunossupressão.
Os principais tumores primários do canal anal são o adenocarcinoma, o carcinoma espinocelular, o carcinoma basocelular, o carcinoma de células claras, o carcinoma de pequenas células, o melanoma e o tumor intraepitelial de células apócrinas (doença de Paget). O canal anal pode ser sede de neoplasias secundárias (metástases), sendo o câncer retal o mais freqüente a se disseminar para o essa região. Outras neoplasias que podem metastizar para o canal anal mais raramente são os tumores de pulmão, mama e rim.
Os tumores do canal anal em geral enviam metástases para reto, linfonodos inguinais superficiais e profundos, fígado e pulmões.
As neoplasias anais podem ser marcadas por colorações imunistoquímicas para citoqueratina, CEA ep53.

ADENOCARCINOMA
Raramente são tumores primários do canal anal. Em geral surgem de glândulas retais da transição entre reto e canal anal. Quando surgem do ânus, têm origem nas glândulas anais ou em duplicações anorretais congênitas. São comuns em pacientes idosos. Possuem curso indolente e se relacionam com história de fístula ou abscesso perianais refratários.
a) Macroscopia: massa gelatinosa e ulcerada.

Adenocarcinoma do Canal Anal. Referência: http://www.cancer-therapy.org/CT5B/HTML/32._Brashears_et_al,%20_261-266%20.d.htm

b) Microscopia: epitélio produtor de mucina com glândulas bem diferenciadas e encarceradas. Pode haver glândulas dilatadas e "lagos" de mucina.
Adenocarcinoma Bem Diferenciado do Canal Anal. Referência: http://cir.ncc.go.jp/cirweb/ImgDetail?LANG=E&A_CD=7&P_CD=024&LIST=DIAG&BROW=MODA&IMG_NO=04&CSNO=0094&T_MOD_CD=08300100&S_RANGE=KEY&LIST_NO=8&F_LV=70&SEL_YN=N&A_RANGE=KEY&P_RANGE=OL

CARCINOMA ESPINOCELULAR
Possui inúmeras variantes. As princiapis são: basalóide-símile, basalóide, verrucoso e mucinoso. Todos podem ser chamados de carcinoma de células escamosas. São comuns em pacientes de meia-idade, do sexo feminino (60-80%) e se apresentam com sangramento, dor ou massa palpável.
a) Macroscopia: nodulares, ulcerados, polipóides, verrucosos. Podem invadir toda a parede do órgão.

Aspecto macroscópico do carcinoma espinocelular do canal anal. O tumor é exofítico com ulceração central. Invade a linha denteada. Referência: http://www.pathconsultddx.com/pathCon/diagnosis?pii=S1559-8675%2806%2970532-0

Carcinoma escamoso do canal anal. Referência: http://www.pathconsultddx.com/pathCon/diagnosis?pii=S1559-8675%2806%2970532-0

b) Microscopia: pode ter apresentações variáveis. É comum a presença de células escamosas. Pode ocorrer diferenciação glandular.

Carcinoma de células escamosas invasivo do canal anal bem diferenciado. Referência: http://www.pathconsultddx.com/pathCon/diagnosis?pii=S1559-8675%2806%2970532-0


Carcinoma epidermóide in situ e infiltrativo do canal anal com características basalóides (basalóide-símile). Referência: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/bookshelf/br.fcgi?book=cmed&part=A26274

Carcinoma basalóide do canal anal. Referência: http://www.pathconsultddx.com/pathCon/diagnosis?pii=S1559-8675%2806%2970532-0

Carcinoma verrucoso do canal anal. Referência: http://www.pathconsultddx.com/pathCon/diagnosis?pii=S1559-8675%2806%2970266-2

CARCINOMA BASOCELULAR
Tumor muito raro da pele perianal. O principal diagnóstico diferencial é com a variante basalóide do carcinoma espinocelular.

Referência: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-98802007000300014&script=sci_arttext

Referência: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-98802007000300014&script=sci_arttext

DOENÇA DE PAGET
Tumor intraepitelial de glândulas apócrinas. Macroscopicamente se apresenta como massa ulcerada, eritematosa ou eczematosa. A microscopia mostra ninhos de glândulas com mucina no interior. Os marcadores imunoistoquímicos desse tumor são: CK7, CEA, EMA e CK20.

Doença de Paget do ânus. A lesão é ulcerada e hiperemiada. Referência: http://www.pathconsultddx.com/pathCon/diagnosis?pii=S1559-8675%2806%2970263-7

Aspecto microscópico da doença de Paget do ânus. Observe os ninhos de glândulas basais com mucina. Referência: http://www.pathconsultddx.com/pathCon/diagnosis?pii=S1559-8675%2806%2970263-7


CONCLUSÃO
O tratamento para os tumores da região anal é a excisão local. Neoplasias avançadas podem ser tratadas com radioterapia e quimioterapia. A sobrevida dos pacientes depende do estadiamento do tumor. Em geral, é em torno de 50-70%; 100% se o tumor for menor que 2cm, se for restrito a mucosa e submucosa e se for bem diferenciado.
Fatores de mau prognóstico incluem estágio avançad0, recorrência, pouca diferenciação e aneuploidia tumoral.

REFERÊNCIAS:
1. Robbins & Cotran, Patologia: Bases Patológicas das Doenças. 7ª Edição.
2. http://www.pathologyoutlines.com/
3. http://www.pathconsultddx.com
4. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-98802007000300014&script=sci_arttext
5. http://cir.ncc.go.jp/cirweb/ImgDetail?LANG=E&A_CD=7&P_CD=024&LIST=DIAG&BROW=MODA&IMG_NO=04&CSNO=0094&T_MOD_CD=08300100&S_RANGE=KEY&LIST_NO=8&F_LV=70&SEL_YN=N&A_RANGE=KEY&P_RANGE=OL
6. http://www.cancer-therapy.org/CT5B/HTML/32._Brashears_et_al,%20_261-266%20.d.htm

Postado por:
Bruno Roberto da Silva Ferreira
Acadêmico de Medicina da UFC
Membro da Liga de Patologia da UFC

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