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2 de julho de 2011

Tumor de Pâncreas

      O câncer pancreático é a quarta principal causa de morte por câncer nos Estados Unidos, precedido apenas pelos cânceres de pulmão, colon e mama. Esses tumores tem uma das mais altas taxas de mortalidade dentre os cânceres, com taxa de sobrevida em 5 anos desanimadoras, menos de 5%. No Brasil, segundo dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de pâncreas representa 2% de todos os tipos de câncer, sendo responsável por 4% do total de morte por câncer tanto em homens como em mulheres.
     Diferentemente de outros cânceres do trato alimentar, pouco se sabe sobre a causa do câncer pancreático. Apresenta-se principalmente como uma doença do idoso, 80% dos casos acontecendo entre as idades de 60-80 anos. Ele é mais comum em homens (1,3:1), em negros, e é ligeiramente comum em descendência judia.
     A mais forte influencia ambiental é o fumo, que se acredita duplicar o risco do câncer pancreático. Consumo de uma dieta rica em gorduras também foi implicado, porem menos constantemente. Pancreatite crônica e diabetes melito foram ambas associadas com um risco aumentado para o desenvolvimento do câncer de pâncreas, mas nem sempre fica claro se a inflamação e o diabetes são causa ou conseqüência do tumor. Existem ainda síndromes familiares que aumentam muito o risco do desenvolvimento de tumor no pâncreas, como Síndrome de Peutz-Jeghers, ataxia-telangiectasia, de Lynch, de Múltiplos Melanomas e Nevo Atípico Familiar e do Carcinoma de Mama Hereditário ligado ao BRCA2.
Lesões pré-malignas
     Existe evidencia da progressão no pâncreas desde epitélio não-neoplasico ate lesões não-invasivas histologicamente bem definidas e carcinoma invasivo. Estas lesões precursoras são chamadas “neoplasias intra-epiteliais pancreáticas” (NIPs ou PanIN). Com base em observações, como a distribuição dos NIPs dentro do pâncreas correndo paralela a do câncer pancreático, a existência de NIPs no parênquima adjacente a carcinoma infiltrante, o relato de casos isolados documentando pacientes com NIPs que mais tarde evoluíram para câncer invasivo, as alterações genéticas observadas nas NIPs que são semelhantes aquelas encontradas em tumores invasivos, foi proposto um modelo de progressão das NIPs, associando características histológicas dos diferentes graus das NIPs com alterações moleculares observadas.

Imagens mostrando progressao dos NIPs (PanIN) ate carcinoma invasivo com caracteristicas histologicas e alteracoes moleculares
 
Morfologia

    Aproximadamente 60% dos cânceres do pâncreas originam-se na cabeça da glândula, 15% no corpo e 5% na cauda; em 20%, o neoplasma compromete difusamente a glândula inteira. Os carcinomas do pâncreas são usualmente massas duras, estreladas, branco-acinzentadas, pouco definidas.
 
Macroscopia de tumor de cabeca de pancreas
 
      A vasta maioria dos tumores é constituída por adenocarcinoma que recapitulam ate certo grau o epitélio ductal normal, pela formação de glândulas e secreção de mucina. Dois aspectos são característicos do câncer pancreático: ele é altamente invasivo (mesmo os cânceres pancreáticos invasivos iniciais penetram extensamente os tecidos peri-pancreaticos) e provoca uma intensa reação não-neoplasica do hospedeiro, composta por fibroblastos, linfócitos e matriz extracelular (reação desmoplastica).
     A maioria dos carcinomas da cabeça do pâncreas obstruiu o ducto colédoco distal no seu trajeto através da cabeça do pâncreas, e, como conseqüência, há distensão acentuada da arvore biliar em cerca de 50% dos pacientes com carcinoma de cabeça de pâncreas, com a maioria apresentando icterícia. Em acentuado contraste, os carcinomas do corpo e cauda do pâncreas não avançam sobre o trato biliar e, por isso, permanecem silenciosos durante algum tempo. Eles podem ser muito grandes e amplamente disseminados na época em que são descobertos.
     Microscopicamente, não há diferença entre os carcinomas da cabeça do pâncreas e aqueles do corpo e cauda. O aspecto é usualmente aquele de adenocarcinoma moderadamente a pouco diferenciado que forma estruturas tubulares abortivas ou agregados celulares e exibe um padrão de crescimento agressivo, profundamente infiltrante. Fibrose estromal densa acompanha a invasão tumoral, e há uma tendência a invasão perineural dentro e alem do órgão. Invasão linfática também é vista comumente. As glândulas malignas são atípicas, irregulares, pequenas e bizarras e geralmente são revestidas por células epiteliais cubóides e colunares anaplasticas. Tumores bem diferenciados são a exceção.
 
 
Corte histologico representativo de adenocarcinoma de pancreas

Eduardo Henrique Cunha Neves Filho
Universidade Federal do Ceara
Graduando em Medicina
Liga de Patologia

Referencias

1. Robbins & Cotran; Patologia: Bases Patologicas das Doencas; 8a edicao, 2009
2. Regadas FS, Garcia JH, Rodrigues LV. Fundamentos da Cirurgia Digestiva. Fortaleza: Edicoes UFC, 2010
3. Kern SE et al. An Introduction of Pancreatic Adenocarcinoma Genetics, Pathology and Therapy. Cancer Biology & Therapy (2002).

Um comentário:

  1. Boa tarde. Quando eu descubro o cancer de cabeça de pâncreas , por quanto tempo o mesmo se encontra instalado no orgâo? Tem como saber?Pois sempre falam quando é descoberto , não é o inicio. É correto?

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