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13 de março de 2013

Esofagite Necrosante Aguda (Black Esofagus)


A Esofagite Necrosante Aguda (ENA) é uma entidade pouco conhecida e com poucos relatos de casos, com os primeiros datando de 1990 (Goldenberg).



A frequência de achados:
-em necropsias - situa-se entre 0% e 10,3%;
-em endoscopias - situa-se entre 0,1% e 0,28%.


Características macroscópicas

Pigmentação escura difusa no esôfago, com ulcerações;
Esôfago negro circunferencial, comprometimento distal com extensão proximal;
Linha bem demarcada entre as lesões esofágicas e a mucosa gástrica, apresentando-se esta sem alterações.

Figura 1: Imagem de endoscópica de um caso de esofagite necrotizante aguda.

Figura 2: Imagem de um achado de necrópsia do Departamento de Patologia e Medicina Legal da UFC (DPML). 




Etiologia

A etiologia ainda é desconhecida, mas acredita-se ser multicausal. Dentre as causas mais prováveis encontramos:
ØIsquemia;
ØAção dos anti-inflamatórios não esteróides (AINE), Yasuda et al.;
ØAgentes infecciosos (Lactobacillus acidophilus, Penicillium crysogenum, Actnomyces, Herpes simplex);
ØFator nutricional, Moneto et al..



Diagnóstico

O diagnóstico estabelece-se por endoscopia digestiva alta complementada com exames histológicos. 

Na endoscopia, nota-se a clara coloração negra, com mucosa friável e hemorrágica. Há uma clara transição entre a mucosa esofágica e a mucosa gástrica normal a nível de linha Z.
No estudo histológico, nota-se a necrose da mucose e/ou da submucosa, podendo-se observar ocasionalmente vasos trombosados.

Figura 3: Imagem endoscópica. Note o maior comprometimento da região distal do esôfago.


Figura 4: Outra imagem do mesmo achado de necrópsia do DPML.Note a clara delimitação, à nível de linha Z, entre o tecido esofágico necrótico e o tecido estomacal saudável.

Figura 5: Imagem de microscopia óptica evidenciando o comprometimento das camadas mucosa e sub-mucosa do epitélio esofágico.

Figura 6: Imagem de microscopia óptica do mesmo achado de necrópsia do DMPL. Note a extensa área de necrose a nível de mucosa.



Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial deve ser feito com outras causas de hiperpigmentação da mucosa esofágica. Dentre as possibilidades encontramos:
  1. Melanoma esofágico;
  2. Melanose ou pseudo-melanose esafágica;
  3. Acantose nigrians.


Prognóstico

É reportado na literatura uma mortalidade entre 33 e 50%. A complicação mais frequente no período pós-doença relaciona-se com ocorrência de estenose esofágica, com uma prevalência de 15% nos doentes com esta entidade.


Conclusão 

Pode-se dizer que se trata de uma entidade rara, de etiologia ainda desconhecida. Em muitos casos parece estar associada ao mau estado geral dos doentes.
A endoscopia, juntamente com o exame histológico são as ferramentas de diagnóstico.
Tratamento consiste em hidratação, inanição, inibição ácida e, nos doentes sépticos, antibioterapia de amplo espectro.

Referências

Robbins & Cotran; PATOLOGIA: BASES PATOLÓGICAS DAS DOENÇAS; 8ª Edição, 2010. Ed. Elsevier;

S. FERREIRA, I. CLARO, R. SOUSA, E. VITORINO, P. LAGE, P. CHAVESA. FERNANDES, C. NOBRE LEITÃO. Esôfago negro associado a infecção por Candida albicans, Aspergillus e Actinomyces. GE - J Port Gastrenterol 2007, 14: 143-146;

R. RAMOS, J. MASCARENHAS, P. DUARTE, C. VICENTE, C. CASTELEIRO. Esofagite necrosante aguda: Relato de dois casos. Revisão de literatura. GE - J Port Gastrenterol 2009, 16:  244-247.






River de Alencar Bandeira Coêlho
Acadêmico de Medicina
Liga de Patologia
Universidade Federal do Ceará

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