O problema
básico dos indivíduos portadores de doenças obstrutivas é o aumento
da resistência das vias aéreas, ou seja, elas apresentam um raio menor.
Quanto mais rápido o fluxo, maior o atrito das moléculas com as vias aéreas,
aumentando mais ainda a resistência. Desta forma, indivíduos com doenças
obstrutivas têm uma resistência maior nas vias aéreas, particularmente quando
há um aumento no fluxo respiratório.
Um grande
problema observado em pacientes com doenças obstrutivas é a hiperinsuflação
pulmonar que é definida como o aumento da capacidade funcional residual (CRF)
acima do valor teórico previsto. Ou seja, essas pessoas não conseguem respirar
devido à incapacidade de seus pulmões botarem o ar para fora; o ar fica
aprisionado no pulmão, por isso essas pessoas sentem dificuldade de inalar.
Os
principais Distúrbios Obstrutivos são:
* Asma brônquica
* Bronquiectasias
* Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)
* Asma brônquica
* Bronquiectasias
* Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)
- Bronquite Crônica
- Enfisema Pulmonar
Asma
A asma, um
distúrbio inflamatório crônico recorrente, é caracterizada por broncoespasmo
reversível e paroxístico das vias áreas traqueobrônquicas, devido à
hiper-reatividade do músculo liso. Sua incidência vem aumentando nas ultimas
três décadas. Um histórico familiar de atopia positivo é comum. A diferenciação
das células T nesses pacientes parece tender para a superprodução de células
Th2, com respostas imunes dominadas por eosinófilos e IgE; a exposição repetida
de antígeno causa reação de hipersensibilidade mediada pela IgE clássica e tipo
1:
- Na fase aguda, o antígeno liga-se aos mastócitos revestidos de IgE e causa liberação de mediadores primários (leucotrienos) e secundários (citocina e neuropeptídeo). Os mediadores da fase aguda causam broncoespasmo, edema, secreção mucosa e recrutamento de leucócitos.
- A reação tardia é mediada pelos leucócitos recrutados (eosinófilos, linfócitos, neutrófilos e monócitos); é caracterizada por broncoespasmo persistente e edema, infiltração de leucócitos e dano e perda epiteliais.
Os pulmões
estão hiperdistendidos, apresentam edema, infiltrado inflamatório bronquiolar
com muitos eosinófilos, fibrose submembrana basal e hipertrofia das glândulas
submucosas e do músculo liso da parede brônquica. Tampões mucosos (espirais de
Curschmann) e fragmentos de grânulos de cristaloides de eosinófilos (cristais
de Charcot-Leyden) depositam-se nas vias aéreas.
Contração e encurtamento da musculatura lisa espiral |
Hipertrofia de Glândulas Submucosas |
Espirais de Curschmann |
Cristais de Charcot-Leyden |
Fatores
Desencadeantes
AERO-ALERGENOS
- Ácaros
- Pó domiciliar
- Fungos
- Epitélios de animais
IRRITANTES DAS VIAS AÉREAS
IRRITANTES DAS VIAS AÉREAS
- Tabagismo ativo e passivo
- Poluição ambiental
INFECÇÕES
INFECÇÕES
FRIO
EXERCÍCIO
Sinais e Sintomas
A asma é a principal causa de tosse crônica em crianças e está entre as principais causas de tosse crônica em adultos.
Os sinais e
sintomas da asma incluem:
- Tosse com ou sem produção de escarro (muco)
- Uso da musculatura intercostal
- Deficiência respiratória que piora com exercício ou atividade
- Vem em episódios com períodos intercalados sem sintomas
- Pode ser pior à noite ou no início da manhã
- Pode desaparecer por si mesma
- Melhora quando se usa medicamentos que abrem as vias respiratórias (broncodilatadores)
- Em geral começa repentinamente
Bronquiectasia
Nas bronquiectasias os brônquios
foram lesados de uma maneira irreversível e como resultado se tornam
anormalmente dilatados e irregulares. A
forma adquirida é quase sempre complicação de infecções pulmonares de
repetição. Origina-se geralmente na infância depois de episódios
repetitivos de bronquite ou bronquiolite obliterante, durante infecções
respiratórias de origem vírico ou bacteriano. É uma patologia que produz uma
alta mobilidade, interferindo com a qualidade de vida dos portadores.
Além da dilatação dos brônquios, nota-se intensa fibrose entre eles |
O diagnóstico é
estabelecido geralmente pelas manifestações clínicas (tosse crônica e esputo
purulento) e métodos de imagens, como o Rx de tórax e a tomografia
computadorizada de tórax. A maioria destes pacientes já teve várias internações
ou consultas médicas por causa dos sintomas respiratórios persistentes.
Bronquiectasia ao Raio-X |
A
bronquiectasia, antes da existência dos antibióticos, foi uma doença bastante
comum. Com o surgimento dos antibióticos e das campanhas de vacinação (contra o
sarampo, coqueluche e tuberculose), ela tornou-se menos comum em virtude do
melhor tratamento e prevenção das infecções respiratórias, respectivamente.
As
alterações mais graves ocorrem nas vias aéreas distais do lobo inferior; as
dilatações têm formas diferentes (cilíndricas, fusiformes ou sacular). Os
achados histológicos variam de inflamação necrosante leve a aguda e crônica das
grandes vias aéreas com fibrose bronquiolar.
As alterações mais
importantes são a ausência de cartilagem, músculo liso e glândulas
|
No
lugar dos elementos normais observa-se
tecido de granulação
|
A fibrose é a evolução natural do tecido de granulação |
Possíveis
Causas
- Condições Hereditárias e Congênitas
- Fibrose Cística e Imunodeficiência
- Condições Pós-infecciosas
- Pneumonia Necrosante
- Obstrução Brônquica
- Tumor ou Corpos Estranhos
Obstrução e
infecção são as principais causas de bronquiectasias. Após a obstrução há
acúmulo de secreções que se tornam infectadas, levando a inflamação, necrose,
fibrose e dilatação das vias aéreas.
Sinais e
Sintomas de Bronquiectasia
Tosse
produtiva persistente, com secreção muco-purulenta, em grande quantidade pela
manhã; Pode ser intercalada por períodos de acentuação dos sintomas (purulência
do escarro, dispneia, sibilos, hemoptise), necessidade frequente de
antibióticos. Paciente pode apresentar também alteração dos sons pulmonares
como a presença de sibilos, febres (principalmente ao final do dia), falta de
ar, manchas arroxeadas nas mãos e rosto e suor excessivo à noite.
DPOC
O enfisema e
a bronquite crônica em geral são agrupados como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC); muitos pacientes
apresentam características superpostas devido a um denominador comum patogênico
– o tabagismo.
A Doença
Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma doença caracterizada por limitação ao
fluxo aéreo que não é totalmente reversível. Essa limitação usualmente é
progressiva e secundária a uma resposta inflamatória do pulmão à partículas e
gases nocivos.
Fatores
de Risco
PESSOAL
- Genético (alfa1-antitripsina)
- Hiperresponsividade brônquica
- Crescimento pulmonar reduzido
AMBIENTAL
- Tabagismo
- Poeiras e produtos químicos
- Infecções
- Condições socioeconômicas
Enfisema
O enfisema é
definido como uma dilatação anormal e permanente dos espaços aéreos distais ao
bronquíolo terminal, acompanhada pela destruição de suas paredes e fibrose
mínima. De acordo com a hipótese da protease-antiprotease, a destruição da
parede alveolar resulta de um desequilíbrio entre as proteases e seus
inibidores.
O tabagismo
contribui para enfisema ao:
- Ativar os
macrófagos alveolares que, por sua vez, recrutam os neutrófilos para os
pulmões.
- Aumentar a
atividade da elastase nos macrófagos e neutrófilos.
-Inativar a α1-antitripsina (via oxidantes na fumaça do tabaco ou radicais livres
liberados pelos neutrófilos ativados)
O impacto das partículas da fumaça nos bronquíolos resulta no
recrutamento de células inflamatórias, aumento da elastase e diminuição da
α1-antitripsina, o que causa o padrão centroacinar de enfisema observado nos
fumantes.
Microscopicamente, os espaços alveolares estão aumentados, separados por
finos septos; os capilares do septo estão comprimidos e sem sangue. A ruptura
da parede alveolar pode produzir espaços aéreos muito grandes (bolhas).
Bronquite Crônica
A bronquite crônica é definida clinicamente como tosse persistente com
produção de escarro por pelo menos 3 meses, no período de, pelo menos, 2 anos
consecutivos.
A irritação crônica das vias aéreas por substâncias inaladas –
especialmente a fumaça do tabaco - é o mecanismo patogênico dominante. As
substâncias irritantes causam:
* Hipersecreção de muco associada à hipertrofia das glândulas mucosas
* Metaplasia de células caliciformes no epitélio bronquiolar
* Bronquiolite
* Infecções secundárias mantêm e promovem a lesão iniciada pelo tabagismo
* Hiperemia e edema das membranas mucosas do pulmão
* Secreções mucinosas ou mucopurulentas revestindo as vias aéreas
* Dilatação das glândulas secretoras de muco
* Formação de tampões mucosos brônquicos ou bronquiolares, inflamação e
fibrose
* Metaplasia ou displasia escamosa do epitélio brônquico
Sinais e Sintomas da DPOC
Ao exame físico podem-se encontrar sinais característicos de dois estereótipos clássicos: os "sopradores róseos" e os "inchados azuis". Nos "sopradores róseos" há pletora e tórax em tonel, dispneia do tipo expiratória, sem cor pulmonale e sem hipoxemia; na ausculta pulmonar há diminuição dos murmúrios vesiculares e ausência de ruídos adventícios. Já nos inchados azuis há cianose, sinais de cor pulmonale (turgência jugular patológica, ascite, edema de membros inferiores); na ausculta, os murmúrios vesiculares também estão diminuídos, mas há presença de ruídos adventícios (roncos, sibilos e estertores - devido à presença de quantidades maiores de muco). Os portadores de DPOC podem apresentar quadro crônico de hipoxemia e hipercapnia, evidenciados nos exames gasométricos.
Como os
sintomas da DPOC se desenvolvem lentamente, algumas pessoas podem não saber que
estão doentes.
Referências:
www.asmabronquica.com.br/
anatpat.unicamp.br/
Robbins & Cotran; PATOLOGIA: BASES PATOLÓGICAS DAS DOENÇAS; 8ª Edição, 2010. Ed. Elsevier
Robbins & Cotran; PATOLOGIA: BASES PATOLÓGICAS DAS DOENÇAS; 8ª Edição, 2010. Ed. Elsevier
Nayara Falcão Rodrigues
Acadêmica de Medicina
Liga de Patologia
Universidade Federal do Ceará