28 de julho de 2010

SÍNDROME DE LYNCH

Introdução

A síndrome de Lynch, ou câncer colorretal não-polipóide hereditário (HNPCC), é uma doença de caráter autossômico dominante, de alta incidência (1:2000 a 1:660), caracterizada por carcinogênese acelerada devido a defeitos em genes de reparo de DNA. É responsável por 5% dos casos de carcinoma colorretal (CCR). Entretanto, locais extracolônicos também podem ser afetados, o que torna o uso do termo síndrome de Lynch preferível ao HNPCC.

A idade média de diagnóstico é 40 anos, mais precoce que CCR esporádico. Pode haver sangramento retal, dor abdominal e obstrução intestinal. Os locais extracolônicos mais comumente afetados são o endométrio, estômago, cérebro, trato hepatobiliar, ovários, intestino delgado, pâncreas.

Esses pacientes possuem risco aumentado para transformação adenoma-carcinoma, de forma que o risco de desenvolver CCR aos 70 anos seja de 60-70%; o risco salta para 80% aos 85 anos. Para o câncer endometrial, o risco é de 30-40% aos 70 anos.

Devido à heterogeneidade fenotípica, o diagnóstico pode ser difícil. Os critérios de Amsterdã e os de Bethesda auxiliam no diagnóstico e na suspeição clínica, respectivamente, da síndrome de Lynch.


Critérios de Amsterdã II








(Rossi BM. Síndrome de Lynch. In: Brasil, Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Câncer. Rede nacional de câncer familial: manual operacional. Rio de Janeiro: INCA, 2009)


Critérios de Bethesda


* Instabilidade de microssatélite (presença de linfócitos infiltrando o tumor, reação linfocítica Crohn-like, diferenciação mucinosa ou em anel de sinete ou padrão de crescimento medular).

(Rossi BM. Síndrome de Lynch. In: Brasil, Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Câncer. Rede nacional de câncer familial: manual operacional. Rio de Janeiro: INCA, 2009)


Macroscopia

Geralmente acometem o colo ascendente e são sincrônicos em 18% dos casos. A proporção de metacrônicos em 10 anos é maior que no esporádico (29% Vs. 5%). Embora muitos adenomas possam estar presentes, não há polipose, o que diferencia essa síndrome da PAF.

Adenocarcinoma mucinoso (à esquerda) e viloso (à direita) do cólon ascendente
(http://www.flickr.com/photos/euthman/438990160)

Microscopia

Apresenta-se com freqüência como crescimento mal diferenciado. As células são ricas em mucina, e há um infiltrado linfocítico no tecido tumoral. Pode apresentar com um aspecto séssil serreado.


Adenocarcinoma com células em anel de sinete
(http://www.flickr.com/photos/euthman/2202231656)



Adenocarcinoma medular do cólon com intenso infiltrado linfocítico
(http://ajp.amjpathol.org/content/vol158/issue2/images/large/jh0212499001.jpeg)


Adenocarcinoma séssil serreado do cólon ascendente
(http://kathrin.unibas.ch/polyp/bilder/gross/p011-01.jpg)


Genética

Vários genes foram implicados na patogênese da síndrome de Lynch:

1. MLH1 (mutL homolog 1), no cromossomo 3p21, considerado o principal gene envolvido na doença;
2. MSH2 (mutS homolog 2), no cromossomo 2p16;
3. MLH6, no cromossomo 2p15, responsável por síndrome de Lynch atípica, que não segue os critérios de Amsterdã. Parece ter menor penetrância (na síndrome clássica, a penetrância é da ordem de 80%), e o câncer de endométrio é a manifestação mais comum de mulheres que portam esse defeito;
4. PMS (postmeiotic segregation increased) 1 e 2, respectivamente nos cromossomos 2q31-q33 e 7p22.

Os dois primeiros são responsáveis por aproximadamente 85-90% dos casos; os dois últimos, pela maioria do restante dos casos.



Referências

1.DuBois RN. Neoplasias do cólon e intestino delgado. In: Goldman L, Ausiello D. Cecil medicina. 23ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
2.Rossi BM. Síndrome de Lynch. In: Brasil, Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Câncer. Rede nacional de câncer familial: manual operacional. Rio de Janeiro: INCA, 2009.
3.Silva FCC, Valentin MD, Ferreira FO, Carraro DM, Rossi BM. Mismatch repair genes in Lynch syndrome: a review. Sao Paulo Med J. 127(1):46-51, 2009.
4.Turner JR. The gastrointestinal tract. In: Kumar V, Abbas AK, Fausto N, Aster JC. Robbins and Cotran pathologic basis of disease. 8 ed. Elsevier, 2010.
5.http://ajp.amjpathol.org/content/vol158/issue2/images/large/jh0212499001.jpeg
6.http://kathrin.unibas.ch/polyp/bilder/gross/p011-01.jpg
7.http://www.flickr.com/photos/euthman/2202231656
8.http://www.flickr.com/photos/euthman/438990160
9.http://www.pathologyoutlines.com/colontumor.html#lynch

Rodrigo Lobato
Liga de Patologia
Universidade Federal do Ceará

Um comentário:

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