Síndrome de Goodpasture é uma condição rara que se apresenta clinicamente por meio de hemorragia pulmonar e glomerulonefrite. Em 1958, por Stanton & Tange, o termo foi introduzido em reconhecimento ao primeiro relato feito por Ernest Goodpasture em 1919.
A síndrome de Goodpasture é uma patologia mediada pelo sistema imunológico, na qual são produzidos auto-anticorpos contra componentes teciduais específicos. A incidência é de aproximadamente 0,1 casos por milhão de pessoas, sendo o indivíduos do sexo masculino da raça caucasiana mais predispostos a desenvolverem essa síndrome. A mortalidade é alta, em torno de 30%. A principal causa de morte é a hemorragia pulmonar, porém, a glomerulonefrite, se não tratada, evolui rapidamente para uma insuficiência renal crônica.
ETIOLOGIA E PATOGÊNESE
A doença de Goodpasture é resultado de uma reposta imune mediada por anticorpos contra peptídeos localizados no domínio não-colágeno 1 (NC1) da cadeia alfa3 do colágeno tipo IV das membranas basais glomerular e alveolar, sendo o epítopo os últimos 36 aminoácidos da cadeia. Os principais eventos que desencadeiam o reconhecimento de auto-antígenos e a ativação de linfócitos auto-reativos conhecidos são infecções por influenza, endocardite bacteriana, a exposição prolongada a toxinas, como hidrocarbonetos, o uso de tabaco e drogas, lesões renais e neoplasias. A suscetibilidade genética para a doença está associada a herença de alelos específicos de HLA classe II ( DR2 e DR4).
Os auto-anticorpos envolvidos, ligados aos auto-antígenos, recrutam leucócitos por ligação a receptores Fc ou por ativação do complemento e, assim, ocorre a liberação de subprodutos que são quimiotáticos para os leucócitos e a liberação de mediadores inflamatórios, os quais serão responsáveis pela lesão tecidual e inflamação. O setor celular com os linfócitos T CD4+ e CD8+, macrófagos e neutrófilos participam da agressão produzindo, entre outros, interleucina 12 e interferon-gama que medeiam a formação de crescentes.
ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS
MACROSCÓPICAS
Rim apresenta glomerulonefrite com áreas hemorrágicas |
Pneumonite com extensas áreas hemorrágicas |
MICROSCÓPICAS
À microscopia óptica, é encontrado glomerulonefrite crescêntica e acentuada atrofia do parênquima. À microscopia eletrônica, são detectados polimorfonucleares em alças capilares e ausência de imunocomplexos.
Imunofluorescência mostrando depósitos lineares ao longo da membrana basal glomerular |
IMUNOISTOQUÍMICA
São detectados depósitos lineares, predominantemente, difusos e homogêneos de anticorpos IgG policlonal e C3 consistentes com glomerulonefrite mediada por anticorpos antimembrana basal glomerular.
Não há deposição de imunocomplexos.
PROGNÓSTICO
A doença não tratada geralmente apresenta um prognóstico ruim. O prognóstico na apresentação do quadro clínico é pior se há oligúria, fibrose renal avançada ou mais que 50% de crescentes na biópsia renal. Nível elevado de creatinina ( creatinina pré-tratamento > 6,6 mg/dl) ou necessidade de diálise também se associam com pior evolução. A sobrevida em um ano é cerca de 75% a 90%.
Pacientes com doença renal terminal que apresentam hemoptise devem ser tratados. O quadro pulmonar é, frequentemente, responsivo à plasmaferese, que vai retirar os auto-anticorpos do sangue. A presença de hemorragia alveolar é indicação formal de tratamente intensivo, a despeito da severidade do acometimento renal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
-Abbas, Abul K; Imunologia Celular e Molecular; 6 Edição,2008
-http://library.med.utah.edu/WebPath/RENAHTML/RENAL090.html
-J Bras Nefrol 2003,25(2):104-7/ Relato de caso: Síndrome de Goodpasture
-Rev. Bras. Reumatol. vol.47 no.1 São Paulo Jan./Feb. 2007
-Rev. Assoc. Med. Bras. vol.50 no.1 São Paulo 2004
Daniel Machado do Amaral
Acadêmico de Medicina da Universidade Federal do Ceará
Integrante da Liga de Patologia UFC
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ResponderExcluirSÍNDROME DE GOODPASTURE minha filha esta com esta doença,diagnosticada pela biopsia renal estou muito apavorada,ela esta resistente ao corticoide,queria saber de pesquisa sobra a cura,onde buscar os melhores tratamentos.
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